23 de jul. de 2010

Bonjour Brésil!


Bom, essa semana completamos um mês aqui! Mês com semanas longas, semanas curtas...Tudo de acordo com uma série de variáveis... Aquela velha história “nossa, como o mês passou rápido!”, “já estamos em agosto, o ano acabou!”, e outras frases similares... Na verdade não é o “tempo que passa rápido”, mas sim para o que e como damos atenção para cada dia de nossas vidas...

Por exemplo, em dias que a saudade daí bate bem forte, como os dias rendem... Passam bem lento... A semana parece um mês, e ainda só passou um mês... Mas quando você está no museu desesperada com as milhares de caixas de mosquito que ainda tem que ver, os dias voam e  passou um mês! Pois é... Loucuras nossas, seres humanos, que quiserem ter a noção de Tempo! J

Mas tem sido assim, as semanas bem comuns, metrô, trabalho, baguete (ou qualquer outro tipo de pão no almoço), trabalho, mêtro, casa (e alguma aventura no jantar como você podem observar nas fotos), internet (e-mail, skype, msn para família, trabalho, amigos, museus e outros...)... De vez em quando até rola uma TV pela internet! Pois é, mesmo reclamando sempre, bate uma saudade até de ouvir o barulhinho da TV daí de vez em quando... As pequenas coisas da vida... hahahaha

Aliás, reclamar! Vocês acreditam que reclamamos até em Paris? É, reclamar é outra coisa inerente da condição humana.  Acho que na maioria das vezes nós (e incluo todos nós) reclamamos mais por reclamar, virou hábito... Uns mais outros menos... Às vezes me pego reclamando e vejo como é chato e sem propósito (na maioria das vezes!). E aí vem outra contradição... Não reclamamos dos ônibus em Ribeirão, não reclamamos dos políticos em que votamos e não cumpriram o que prometeram (quando lembramos em quem votamos), não reclamamos dos péssimos professores das nossas escolas e universidades... Reclamamos muito e reclamamos nada.

Vou tentar ‘reclamar’ pouco hoje e clamar algumas belezas e peculiaridades de Paris... Como simples observadora, sem reclamações! Hehehe

As semanas, como já disse, são uma rotina. Afinal, subir pouco mais de 100 degraus só para chegar à nossa casa cansa (sem contar todas as escadas dos metrôs!). Mas tentamos nos fins de semana ir além do nosso trivial semanal.

Da última vez fomos conhecer as grandes galerias. Nada parecido com os nossos shoppings. São grandes prédios (mais de um, divididos por setores: perfumaria, roupas, casa...), de vários andares, com espécies de stands de grandes marcas tudojuntomisturado! Sim, imaginem eu, no meio de tanta roupa e acessórios! Perdida! Mas com a companhia da minha acessora de moda, Priscila Okano, sobrevivi e me diverti bastante. Vimos e pegamos naquelas roupas (simples, nada de vestidos de gala ou ternos italianos) de 500, 600, 700 euros (elas existem, tem um bom acabamento, mas são roupas normais ora!), bolsas às vezes mais caras que as jóias da Tiffany  (exceto por alguma coisa lá que custava 13,000 euros, nem lembro o que era...). Todas as pops e grandes marcas lá, como se fosse um feirão... E pessoas de todos os tipos fazendo compras...  Algo muito legal... A pessoa vai lá, gasta 5000 euros numa comprinha e você nem faz idéia, pois ela não ostenta... Ainda mais eu, que não sei ver se é uma bolsa Chanel, um sapato não sei o quê e etc nem percebia... Só a Pri ia me dando as dicas... Comprar para si e não para os outros! Mantendo a personalidade! É assim que é legal! J

As galerias foram as Printemps e a Lafayette. Achei a Lafayette mais legal. Além de que o prédio é lindo! Não se era permitido tirar fotos, mas tiramos. Maravilhoso por dentro, valeu a pena só de entrar. Depois fomos conhecer uma loja de departamentos daqui... Aí sim, roupas de 5, 10, 20 euros... Muito mais acessível!!!! Hahahaha

Ah, nesse dia pegamos um ônibus para ver como é que é. Bem mais agradável que o metrô, mas trajetos bem mais restritos... Só para passear mesmo... Depois de todas essas lojas (foi um dia da Moda!) continuamos a andar, andar, andar... E chegamos ao Louvre! Ainda não entrei lá, mas nem precisa... Só o espaço aberto já um desbunde. Sentamos lá para descansar um pouco e molhar as mãos na fonte... Observar as pessoas, o céu... Ah, isso vale bem a pena... Aí, fomos para o Jardin des Tuileries , com uma vista linda... De lá nós vemos tudo de mais famoso em Paris... O Arc de Triomphe, o obelisco, a torre Eiffel, o musée d’Orsay, Notre Dame, a Opéra, e bem ao longe a Sacre-coeur. Sentamos na graminha para termos um momento “verão em Paris” (não vai rolar biquíni e nadar nas fontes gente! Hahaha Isso é demais para nós!) e fomos ao parquinho!!!! Andamos de roda-gigante e comemos crepe de Nutella! Bom, mas muito doce... E como não sou muito fã de doces, vai ficar só nesse mesmo!

Depois andamos mais e quando vimos! Quase 21 horas e sol a pino! Fomos correndo para casa, pois o mercado fecha às 20 horas e não tínhamos nada para o jantar!

Domingão visita à Notre Dame! Foi o dia que eu mais ouvi português nesse um mês! Muitos brasileiros! Aliás, muito tudo! E a fila gigante... Desistimos de entrar, fica para outro dia... Mas andamos no jardim, ao longo do Sena e chegamos até uma das unidades da Sorbonne, muito bonita, grande e imponente. Bem próximo fica o Museu da Idade Média, que fala por si... E fomos para casa... Afinal, depois de domingo vem a segunda-feira em qualquer lugar do mundo...

O calor já não está tão insuportável... Tem dias de chuva e faz um ‘friozinho’ bom... Mas nada que subir e descer escadas não esquente... E foi num desses dias, que eu vinha observando como os franceses não sorriem... Não se ajudam (isso é complicado... todo dia tem alguém de idade sofrendo para subir e descer essas escadarias e no máximo as pessoas reclamam que eles estão ‘atrapalhando’; pessoas com malas enormes; mães com filhos de colo e carrinho de bebê e ninguém ajuda! – um adendo, os franceses têm muitos filhos pequenos, e no mínimo três... será que existe um programa para eles terem mais filhos como houve na Itália?)... Aí fiquei pensando... Será que tem como saber quais são os países mais felizes? E chegando em casa, fui ver as notícias e a Forbes havia publicado naquele dia o resultado de uma pesquisa perguntando “Qual o país mais feliz do mundo?”! hahahaha Achei demais a coincidência! E lá fui eu confirmar minhas impressões: o Brasil é 12º país mais feliz do mundo enquanto que a França está como 44º colocado. Aí, depois de segundos de euforia fui investigar quais os índices que eles utilizaram. Não estava muito claro, mas além da situação financeira do país eles indagavam às pessoas sobre como elas se sentiam no geral vivendo em seus países (considerando felicidade, relacionamentos, patriotismo... Coisas mais subjetivas...). Enfim, em 12º ou em 44º lugar ou mais ou menos isso, nós sorrimos mais e nos ajudamos mais... Mesmo em São Paulo... ^^
Bom, por hoje é isso... Sempre tem muito mais a escrever, dizer, relatar... Mas sei que textos muito grandes tomam tempo e desencorajam...  J Mas preferi escrever em “pequenas” doses à chegar ao Brasil e mal conseguir lembrar do fiz no dia anterior!

Beijos e saudades!!!! 

Salut!!!


  Esse relato trata de 19 dias de Paris!!!

  Na verdade saí pela primeira vez de Paris e fomos conhecer um pedacinho do Norte da França, Chantilly, em Oise. Viagem de trem, cerca de duas horas, lugar muito bonito! Fica nítida a transição cidade-campo ao longo do trajeto... Transição um tanto quanto abrupta, mas mesmo assim muito interessante!


  A cidade que fomos conhecer tem um castelo Château de Chantilly , lá em Oise, no vale do rio Nonette, um afluente do rio Oise. Parece que tem algo a ver com um tal  François Vatel, provavelmente quem criaou a receita do creme de chantilly. Lá nós vimos duas construções principais, o Grand Château e oPetit Château, mas nós não entramos neles. E foi lá (para quem gosta de uma fofoquinha televisiva) que o Ronaldinho (o Gordo) se casou com a Daniela Cicarelli (affe!), hehehe. Mas claro, não fomos lá por isso... Além desse castelo contornado por um pequeno rio repleto de patos e peixes, fica nessa cidade oMusée vivant du cheval (Museu vivo do cavalo), que tem cavalos vivos e apresentações de cavalo (a entrada é muitoooooo fedida!) e claro, souvenirs de cavalos!!! Cavalos de pelúcia, chaveiros de cavalo, abridores de garrafa de cavalo, enfim, cavalos!!!! E tudo muito caro, como de costume! Nesse dia embarcamos na dos franceses e “almoçamos” na grama... Menu: baguete e coca-cola! Agradável e mais agradável ainda (pelo menos para mim, que adoro observar as pessoas nos seus cotidianos!) ver as famílias sentadas, comendo (ele levam cestas imensas para piquenique), conversando, as crianças correndo e fazendo bagunça, as mães falando algo em francês do tipo “não faça isso”, “pára quieto menino!”, os casais apaixonados no maior jeitão de filme europeu... Todos fugindo da sombra e sentados ao sol! Como eles gostam do sol torrando!!! Incrível!

  Retornamos a Paris e fomos à padaria mais famosa daqui, Ladurée. Lá são vendidos os macarons mais famosos de Paris (para quem não conhece e está com preguiça de ir no Google, esses são docinhos que lembram os alfajores, massa macia e recheio com um creme doce, de diversas cores e sabores), que na verdade eu não sou muito fã. Fila enorme, maioria turistas, claro. Não podia tirar foto lá dentro, mas quem segura uma japinha com máquina digital na mão, né Pri??? Quando a moça da padaria disse que não podia mais de dez fotos tinham sido tiradas, hehehe...

  Depois desse dia, fomos levar a mãe da Pri e a amiga dela para o aeroporto (que estava repleto de soldados... Não sabemos o por quê, mas desconfiamos que foi por conta da possível bomba no avião da Air France que saiu do Brasil no sábado, inclusive só os brasileiros foram apalpados aqui no domingo antes do embarque). Pegamos um ônibus, o RoyssyBus de volta para Paris e fomos caminhar um pouco. Tudo fechado de domingo! T-U-D-O!!!! Mas encontramos uma loja equivalente ao nosso “A partir de 1,99” que vendia Havaianas falsas!!!! Pois é, acho que depois de futebol e samba, falou Brasil os europeus pensam em Havaianas, é uma febre... Realmente a frase “Havaianas, todo mundo usa” pegou aqui. E os preços são correspondentes (se uma Havaianas custa 25 reais no Brasil, aqui ela custa 25 euros) ou bem mais caros...

  Segundona choveu e finalmente sentimos um friozinho! Porque até agora todo o meu ideal de Europa não se concretizou... Cadê o frio, as pessoas cheias de roupas, o tempo nublado, a garoa? Tá certo que é verão, mas me sinto em Ribeirão Preto... Fomos na Gare Du Nord comprar nossas passagens para Londres de Eurostar. O preço varia muito!!! Com dois meses de antecedência pagamos 44 euros... Comprando na véspera, sai mais de 400 euros!!! Efeitos da crise?? Não sei...

  Mudei de salinha aqui no museu, mais espaçosa, com janela e menos poeira. Tenho companhia, mas não entendi o nome da moça... Vou criar coragem e perguntar de novo. Talvez aqui eu tenha internet. Diz o Emmanuel que o processo foi rápido, vamos ver se logo menos o meu IP vai ser reconhecido pelo Museu.

  Essa semana teve feriado. 14 de julho, queda da Bastilha. Bom, para quem me conhece bem, sabe que em condições usuais eu ficaria em casa vendo da TV, uma vez que detesto aglomerações, muvucas e coisas do tipo. Mas estamos na França, no feriado a internet resolveu não funcionar, não temos televisão, a Revolução Francesa era um dos assuntos mais interessantes de História Geral, por que não ir? Afinal, nas horas vagas somos turistas!


  Começou dia 13 de noite com o Bals des Pompiers, ou simplesmente o Baile dos Bombeiros. Cada Caserne des Pompiers tem seu baile, todos com entrada gratuita ou você paga o quanto quiser, com shows e tals. Só um que tem que pagar 3 euros porque os bombeiros fazem striptease. Calma, não fomos nesse, hehehe, somos meninas comportadas! Fomos num próximo de casa, muito divertido, uma mistura de quermesse com bar da Filô/Tardão do Lageado (para quem não conhece são festas da biologia em Ribeirão e da Unesp-Botucatu). Tinha barraquinha de cachorro quente com batata-frita (ambos secos!!! Eu não gostei), refri, suco, água, chá e cerveja e a barraquinha do champagne!!! Além de um barquinho na margem do rio vendendo champagnetambém. Antes da entrada tinha uma espécie de pré-balada, tocando rock, uma galera dançando, fazendo piquenique na beira do rio, e lá dentro as barraquinhas, mesas e cadeiras, famílias inteiras, pessoas de todas as idades música e depois uma banda tipo banda de formatura, muito engraçado! Foi bem divertido e inesperado.


  No dia 14, achando que tudo seria como no baile dos bombeiros, lá fomos nós para a Champs-Élysées ver o desfile do 14 juillet. Lotadooooooooooo!!! Só uma saída do metrô aberta e muita gente!!! Ficamos atrás de um monte de gente, mal dava para ver a rua, mas o desfile começou com a frota aérea das forças armadas francesas: jatos, caças (o mais legal!!!!!), porta aviões, helicópteros... Aí, começou a chover, uma galera foi embora e conseguimos ficar bem na frente... Mas, eis que surge, do nada, um francês “simpaticão” pedindo um espaço no guarda-chuva... Até aí tudo bem, até ele começar a falar sem parar... Affe! Tem gente chata e inconveniente em todo o mundo! Além dele sair seco e nós encharcadas, ele não parou de falar 1 minuto, só bobagem (inclusive, como a maioria  dos franceses diz, que ele não sabe falar espanhol, a língua oficial do Brasil...), nem vou gastar linhas escrevendo...


  Depois, de noite, fomos ao Trocadéro ver a queima de fogos na torre Eiffel. Lotadooooooooooooo!!!!! Sabe metrô em São Paulo, estação Sé, seis da manhã? Pior! Na ida e pior na volta, quase 1 da manhã. Realmente os fogos são lindos, e é muito engraçado: explodem uma miríade de fogos e eles aplaudem; mais um tanto e eles aplaudem. Aí, acabou, todo mundo vai para casa. Aí se instaura o caos. Uma porta só do metrô aberta e muita confusão. Mãe gritando porque perdeu o filho, policiais segurando o fluxo de pessoas, nossa!!! Sem esquecer do grupinho de aborrecentes muito malas atrás de nós (não estávamos com sorte mesmo!) falando e gritando asneira, empurrando e colocando as patinhas na frente da nossa máquina quando nós tentávamos tirar fotos... Comprovado: gente inconveniente tem aqui e aí!!! A propósito, a galerinha mais jovem aqui é muito mal educada!

  A experiência de estar aqui é excelente. Conhecer pessoas, costumes, lugares, arquitetura, arte, ciência... É uma situação ímpar. Mas vale muito para valorizar e muito a nossa casa. É um país cheio de problemas, corrupto, educação à míngua entre outros muito graves, sim é. Mas não é pior que aqui ou que ali. É diferente. Tem muito problema aqui que nós não temos aí e vice-versa. Os rankings, os índices que medem desenvolvimento, riqueza, por exemplo, levam em consideração determinados fatores e valores, mas nem tudo é quantificado e comparado e creio que nem seja possível.  Muita coisa dita e acreditada é, para mim, de origem histórica, coisas difíceis de desgarrar, preconceitos embutidos em “falsas verdades”.  Observo de pequenas coisas como as pessoas se tratam, ou como cuidam do seu espaço de trabalho, como coisas maiores como a que custo manter os pontos turísticos sempre atraentes e bonitos em detrimento da manutenção do metrô para as pessoas daqui.

  Quem vem com uma visão ingênua para algum país da Europa pode se decepcionar. E não é que conversando com um amigo sobre isso ele me falou de uma tal de “Síndrome de Paris”!? De início fui preconceituosa e achei frescura, bobagem. Mas quem sou eu para medir a sensibilidade de algumas pessoas que restritas à um mundo todo particular e irreal sucumbem à uma condição psicossomática quando encaram um mundo deveras distinto daquele que elas sempre esperavam encontrar? Em resumo a síndrome é o seguinte (afeta principalmente turistas japoneses): eles chegam à Paris com uma idéia de cidade dos sonhos, onde habita o povo mais educado e polido do mundo, tudo é bonito, elegante e perfumado. E se deparam com uma cidade normal, povo normal, muitas vezes mal educados e indiferentes (talvez pelo cansaço de lidar com turistas?), repleta de problemas como qualquer grande cidade, com pobreza, diferenças sociais gritantes, e aqui e ali um prédio estonteante, um castelo, museus e museus em cada esquina e muita gente apressada comendo baguetes e MacDo. Simplesmente a vida como ela é...

  Beijos e muitas saudades de todos e tudo (até do bandejão)!!!

22 de jul. de 2010

Indo para Paris...


Foto: Rafaela L. Falaschi

Paris, de nouveau!

Bonjour mes amis!!! Comment ça va?

Bom, aqui vai tudo muito quente, muito caro e muito empoeirado, hehehe, mas tudo bem. Meu corpo ainda dói e fico pescando a manhã toda aqui no laboratório ainda. Eu não acreditava nesse jetlag, mas olha que ele existe. Acho que ele foi agravado porque eu não consegui dormir na viagem (11h, dois filmes inteiros, um pela metade, vários joguinhos, CDs de músicas inteiros... e Nada!). Espero semana que vem estar bem. 
Paris é uma cidade muito bonita, muitos prédios muito antigos, poucos com um estilo “moderno”, mas uma cidade grande como todas as outras. Tem sujeira, pixação, pedintes e o metrô apesar de muito prático, grande e bastante funcional, é muito sujo! Mas as pessoas são bem mais educadas e silenciosas que aqui, apesar de que sempre se escuta um “à merd!” bem alto aqui e ali. Enfim, é normal, mas como bem disse a Pri, em Paris você está andando por uma ruazinha qualquer e de repente você “tropeça” na tour Eiffeil, no Arc du Triumphe, na Sacre-Coeur, naNotre-Dame, no Louvre... E sim, causa um impacto! J
As pessoas tomam sol em todas as graminhas da cidade e se banham em algumas fontes, de boa, como se fosse praia mesmo, biquíni, toalha... E almoçam nas praças, parques, nas cadeiras ou nas graminhas, não importa. Eu mesmo tenho almoçado assim. As boulangeriesvendem os sanduíches, baguetes, croissants, mas não tem mesinhas nem nada, aí você compra e vai comer no espaço aberto mais próximo. Até o MacDonalds é assim, claro que tem mesas, mas uma quantidade enorme de pessoas, especialmente os jovens, pegam as sacolinhas do MacDoe vão piqueniquear... Muito comum!
Falando em MacDo, temos algumas diferenças. Não temos o Cheddar MacMelt. Porquê? Porque todos os lanches são com queijo cheddar!!! E temos as batatinhas “Deluxe Potatoes” que são em formato de lua, um charme. Muita salada, água, suco... O MacDo aqui é mais saudável mesmo, mas ainda é Mac. E tem o café da manhã lá que vem 3 pãezinhos (um é croissant e os outros eu não sei) e uma bebida quente a sua escolha ou suco de laranja, muito bom! E barato! J Ah, eles tem um concorrente, o Quick... Tipo Mac, mas lanches maiores, mas não tão bom, só a salada que é muito boa.
Desde que cheguei (exceto terça pq os museus fecham) todo dia tem crianças, escolas famílias no museu, no Jardin des Plantes e no Zoo do museu. Incrível!!! Pena que aí não é assim...
Outra coisa que descobrimos aqui. Os preços são por idades: crianças, jovens e adultos. Não lembro exatamente os intervalos, mas até 26 anos você paga menos que adultos. Por um ano perdi essa mamata!
Turistas aos montes, orientais (só sei distinguir japoneses, os de outros países não), alemães e claro, brasileiros. Encontramos vários, 3 casais só na FNAC. Os orientais fazem fila nas lojas caras, tipo Louis Vuitton DiorLacoste etc e têm atendimento vip... Os “pedintes” que eu citei acima são na maioria mulheres muçulmanas, sempre vestidas de preto e olhando para o chão, é bastante incômodo de se ver... Parece que elas estão com vergonha... Continuando o tour pelo mundo, muitos indianos, muitos negros, muitos restaurantes africanos, parece que mesmo sendo considerada um dos países mais xenofóbicos a França não conseguiu evitar de ser um país repleto de nacionalidades (digo França mas me restrinjo a Paris). Inclusive vi muitos casais multi-etnícos e muitos casais com filhos adotados, é muito comum. Pais brancos com filhos negros e asiáticos e pais negros e filhos brancos e etc... Achei muito legal. Tá certo que estou aqui a poucos dias, mas reforço a minha idéia de que as pessoas falam demais do que não conhecem. Cada impressão é única. Tenho certeza que se cada um de vocês vier para cá, as impressões serão as mais diversas e nem por isso não verdadeiras.
Viajar pela Europa não é barato. É se for planejado com muita antecedência. Por exemplo, uma viagem para Portugal, você pode gastar 80 euros com antecedência ou até 400 euros se deixar para em cima da hora, e não importa o meio de transporte. Então, quem vier para cá, ou planeje todas as viagens com bastante antecedência ou traga muitos euros!!! J
Falando em euros, coisas baratas: queijos, vinhos, presunto Parma (nham!) e outros frios, frutas da época (cereja!!!!, damasco...). Morar é caro. Alugamos um apartamento (studio) bem barato, mas é bem sujinho e são 4 lances de escadas (cada um com 38 degraus ¬¬), o prédio é do século 18, seria lindinho se houvesse manutenção, mas está jogado às traças. E mesmo assim é um apartamento “bom”, pois tem privada e ducha dentro do apartamento ¬¬’. Achamos um hotel familiar (não sei por que tem esse nome, mas também é num desses prédios do século 18), mas parece que as camareiras não são muito confiáveis... Vida de estudante/turista não é fácil.
Outra coisa que não esperava de acordo com o que falavam é que encontramos até agora a maioria das pessoas muito simpáticas, très sympa! Não sei se é porque chegamos falando em francês com elas ou porque é lenda mesmo. Mas demos sorte! Até para fazer a carte navigo(carteirinha para todos os transportes dentro de Paris, muito útil, prática e barata!) recemos a ajuda de um senhor, muito simpático, que depois que percebeu que éramos de fora começou a falar italiano conosco (kkkkkk!!!) e quando dissemos que somos brèsiliennes ele sorriu e perguntou se sabíamos que nosso time seria o campeão mundial dessa copa. Nós dissemos que seria bom e ele afirmou que será, hahahaha. Parece que há uma torcida grande aqui para o Brasil nessa copa. Muitas camisetas da nossa seleção nas lojas e uma super movimentação para assistirem o jogo de sexta num telão numa praça a qual esqueci o nome. Talvez nós iremos.
Bom, o museu. Na verdade fico no prédio da entomologia que fica ao lado do museu, na Rue Buffon. Meu deus! Que bagunça! Tanta coisa legal, mas tana! De coleção didática e científica à literatura! E uma bagunça!!!! Belll como eu sofro!!!! E a poeira!!!
Estou numa salinha empoeirada, mas que um pouquinho de esforço ficava um xuxu! Gente, tá mais bagunçado que o nosso lab! Mas a coleção, ah a coleção! Quanta coisa! Ao mesmo tempo que dá uma alegria, dá um desespero. É muita coisa. E como o Matile foi organizado! Sou fã dele mesmo. Apesar está tudo uma confusão. Parece que aconteceu o seguinte: o Matile descobriu a doença em 1999 e faleceu abruptamente em 2000. Mas até pouco antes de adoecer muito e vir a falecer ele estava trabalhando, e muito. Segundo o Christophe, ele continuava um trabalho grande com Cluzobra. Não olhei as caixas todas de Mycetophilidae (isso inclui a coleção do Duret e a que o Matile construiu, é coisa para caramba!) mas as de Keroplatoidea sim. Ele identificava o material e o que ele tinha duvida ele deixava num cantinho com indicações, geralmente um interrogação e o que ele acha parecido (por exemplo: Urytalpa? sp. n. ou  Pyrtaula agrícola?) e vários grupinhos de gêneros separados na caixas por espécies novas, por descrever, separadas inclusive por morfotipos (sp. n. 1, sp. n. 2, sp. n. 2 etc), tudo muito organizado e muitas espécies para verificar e por descrever, inclusive em Mycetophilidae, muito muito muito!!! Mas depois que ele faleceu a coisa degringolou... Ninguém sabe onde estão os tipos que ele guardou em álcool, alguns espécimes foram emprestados e não foram anotados... Muitos tipos que constam no catálogo do Evenhuis eu ainda não encontrei. Outra coisa foi todo o material que ele emprestou mundo afora. Achei 12 caixas do MZUSP!!! E mais um com bichos do museu do Rio de Janeiro, e de outros lugares, Chile, Austrália, Havaí, África, EUA... E ninguém devolveu e nem vão acho, pois é muita coisa. E nessas caixas também tem a mesma coisa que na coleção dele e do Duret. Espécies por descrever, confirmar a identificação etc. Estou esperando para conhecer o Emmanuel. Ele trabalha aqui na coleção e pareceque sabe mais das coisas e é gentil.
Apesar da nossa baguncinha aí (não que eu goste dela a partir de agora, hehehe J) nosso laboratório tem uma infra muito boa. As lupas que estou usando são bem mais ou menos quando acostumamos com as daí, e as cadeiras são bem ruins também, Paulete, para ver cloropídeos aqui, só com muita fé, hehehe. Além de que está mega calor aqui e nada de ar condicionado e ah, não tem naftalina aqui!!!! Mas também encontrei uns alfinetes só com o pó dos Keroplatidae aqui, rs.
No mais, pagamos uns miquinhos claro, mas bem poucos para a surpresa de todos inclusive a minha. Tanto que não me recordo de nada engraçado. Talvez a Pri se lembre depois de algum. Meu francês ainda está bem limitado (apesar que já elogiaram a minha pronúncia do pouco que eu falo, hehehe) mas estou entendendo muito bem! Onde falei com um moço que falava mega acelerado e nem precisei pedir para ele falar plus doucement! Mas olha, entender as criancinhas francesas falando é um desafio!!!! Hahahaha Só entendo Maman Papa  e olhe lá! O duro é falar outra língua depois. Tem um equatoriano aqui, o Rafael (estuda Tabanidae) e foi uma piada conversarmos! O francês dele é muito bom, mas fomos falar em espanhol e/ou português!!!! Foi a maior mistura de portunholcês da terra! Como é difícil! Mas foi engraçado. E descobri que meu espagnol está péssimo! Kkkk
Saudades de todos aí, ainda não deu para sentir que vão ser 3 meses aqui, ainda parece “turismo”. Mas agora mudamos para uma casa fixa (por 1 mês e 15 dias) e acho que as coisas se assentam. Parece que estou aqui faz só uma semana mesmo, mas parece que faz mais de mês que não estou aí!
Escrevam também contando as novidades daí!

Je vous embrasse! À bientôt!

20 de jul. de 2010

Fleur


Foto: Rafaela L. Falaschi

Impressões de Paris...


Passarei 3 meses estudando meus mosquitos em Paris...Vou compartilhar as minhas impressões daqui da Cidade Luz... ^^
***

 Bonsoir mes amis!!! Comment ça va?

Quando aqui passou uma semana, já parecia um mês!  Tanta coisa nova, tanta informação, tanta preocupação! O metrô ajuda nisso, pois fácil fácil você corta a cidade nele. E para isso fizemos a carte navigo que custa 60 euros por mês e te permite andar de metrô, bicicleta, trem e ônibus quantas vezes você quiser!!!!!! O que representa uma super economia. Se eu pagasse o passe de ida e volta do metrô para o mês, que é o que eu uso regularmente para vir ao museu, eu gastaria 96 euros! E isso sem contar os passeios. E dura a vida toda e todos têm direito. Para turista pode ser feito para quem vai ficar ao menos 1 mês, e quem fica de 1 a 3 semanas tem outro tipo de carte que tem validade de 5 anos, eu acho... A mãe da Pri e a amiga dela fizeram, e escolheram 5 zonas (para andar só por Paris são 2 zonas) e podem ir para os banlieues (as zonas suburbanas de Paris, que a contornam). Isso inclui, por exemplo, Versailles, o aeroporto Charles de Gaulle...
Falando de meios de transporte. Incrível como os motoristas respeitam os pedestres. Eu super acostumadas com a educação do motoristas ribeirão-pretanos estava esperando o carro virar à direita quando não mais que de repente vem uma francesinha na maior e atravessa a rua no farol vermelho. E não é que todos os carros param e não reclamam? Claro que as pessoas geralmente respeitam o sinal, a moça devia estar com pressa naquela ocasião, mas mesmo assim, se você um pé na rua, eles desaceleram... O único lugar parecido que conheci foi Brasília (acho que a única coisa boa daquela cidade J, na minha opinião, claro ^^).
Agora, comparando com cidades tenho me lembrado muito do centro de Manaus e do que me contaram de Salvador. O odor de urina!!! Especialmente nos metrôs e em alguns becos de ruas pequenas (muitas daquelas ruas bem pequenas, super charmosas, bem típicas de filmes, sabem? Inclusive a minha é assim, hehehe), um cheiro muito forte e desagradável, que atribuo ao xixi mais ao verão. E pasmem: já vi pelo menos umas cinco vezes os cidadãos, na maior desinibição, pararem e se aliviarem. Hoje mesmo, pouquinho antes de chegar ao museu, estou descendo a escada do metrô o moço do meu lado pára do lado da escada, abre o zíper e faz xixi!!!! Metrô lotado!!!!! Affe... Cadê o glamour?
Mais comparações. Argentina: de fato uma Paris em miniatura. Muita coisa parecida. O estilo de algumas construções, os café, os bistrôs, os postes de luz, algumas praças, sem mencionar o Obelisco.
Outra coisa interessante, os odores. Caminhando pela Champs Elisées você se sente quase que obrigado a entrar nas lojas pelos perfumes que elas exalam... Especialmente as de perfumes, claro. E como contraste, você está caminhando e na sua frente aquela francesinha três petitemignon uma graça e bate um vento e você sente um soco no estômago. Achei que seria lenda, ledo engano (vale para os homens também, mas é chocante ver as mocinhas tão fedidinhas). Salvem os nossos indígenas que nos ensinaram a tomar banho todos os dias!!!!!
Mas agora coisas legais. O estilo dos franceses. Não é verdade que todos se vestem muito bem (parece que é mais assim na Itália, disseram as minhas fontes brasileiras lá nos últimos dias, rs) mas uma coisa todos têm: muito estilo. Você não vê a roupa da modinha, todo mundo usando o mesmo sapato, o mesmo tipo de calça, etc. Cada um usa aquilo que gosta mesmo. E às vezes é bizarro, mas ninguém repara. Os muçulmanos (especialmente as mulheres) são bastante elegantes, são modernas. Usam lenços bonitos, sempre maquiadas (discretas), óculos de grife... Uma parte dos africanos residentes aqui usa roupas típicas mesmo (perdoem, mas me esqueci o nome), aquelas super coloridas, os homens com batas e calças largas e as mulheres com aqueles vestidos transpassados e aquele lenço enrolado na cabeça, super estampado. Eu achei muito bonito de ser ver! E também tem muito indiano, mas eu os vi mais nos bairros mais pobres infelizmente, mas mesmo assim vi umas duas vezes mães com sári e seus filhos (crianças sempre mega animadas – nosso vizinho é indiano) e muitos (inclusive homens) com àquela pintura na testa, o terceiro olho acho.
Da mesma maneira, é muito normal (como deveria ser em qualquer lugar) os casais homossexuais. A gente fala que “aqui tem muito casal gay”, mas na verdade é que aqui eles parecem não precisar se esconder. Do mesmo modo que vemos casais de meninas e meninos aí no Brasil, aqui vemos com a mesma freqüência meninos e meninos e meninas e meninas, se beijando, se abraçando, atravessando a rua de mãos dadas, fazendo carinho... É muito bonito de se ver e mais bonito ainda ver que quase ninguém repara. Digo quase ninguém, pois seria ingenuidade dizer que não há preconceitos aqui. Certamente há, mas bem menos notável que no nosso país.
Fomos assistir ao jogo do Brasil num lugar onde estão sendo transmitidos todos os jogos da copa, fica em frente a torre Eiffel, chama Trocadéro. Foi muito legal ver a quantidade imensa de camisas e bandeira verde amarelas, muita gente mesmo! E muita gente sem, então tem muito brasileiro aqui mesmo! E grande parte dos franceses torcendo para nós. E tinha também uma meia dúzia de laranjinhas gritando “Holand!!!”, engraçado. Mas aí choveu e eles desligaram o telão. Eu nem gosto de futebol, mas ia ser bem desagradável ver aquela meia dúzia de holandeses comemorando a vitória, né? Ainda bem que choveu. Mas depois a Argentina perdeu e tudo ficou bem, hahaha.
Ah, fomos no fim de semana em Montmartre, affe que lugar cheio de turista, de gente, que bagunça! É uma mini 25 de março, um horror, não gostei. É o melhor lugar para comprar souvenirs, mas é o caos. Talvez fora de temporada seja menos movimentada, mas eu imaginava outra coisa, algo bem mais cultural, com arte... Não gostei. E é onde fica a Sacre coeur, uma igreja lindíssima, mas lotada de turistas e camêlos e pessoas cantando rock, músicas indianas, africanas, francesas, pessoas fazendo mini-shows, aquelas estátuas vivas, quase um circo... Não gosto mesmo de muita gente aglomerada, é trauma de São Paulo... Mas dentro a igreja é lindíssima (apesar de estar lotada ¬¬’), mas não pode tirar fotos. Ela levou 39 anos para ser concluída. Além de ver a igreja o passeio valeu para eu descobrir que não gosto de pontos turísticos cheio de turistas, incluindo eu, que descobri não ser uma boa turista, hahahaha.
Falando da Sacre coeur, lembrei de outra coisa. Aqui é o lugar do Do it yourself o famoso “faça você mesmo”. Para lavar a roupa basta você ter moedinhas e colocar na máquina, para alugar bicicleta pagar com cartão na máquina, com lanche em lanchonete você compra na máquina, você imprime suas fotos com moedinhas em máquinas, você pega sua lembrancinha da Sacre coeur em máquinas dentro da igreja... Para praticamente tudo existe uma máquina que dispensa um atendente e você executa o serviço sozinho. E até o momento todas que eu vi as pessoas utilizarem funcionaram muito bem.
Outra coisa engraçada também são as variedades de coca-cola: coca-cola sabor cereja (lata roxa), coca-cola descafeínada (lata marrom), edição especial de um estilista da Channel – Karl Lagerfeld (garrafa branca e rosa, um charme! rs), latinha de 150 ml... O chá gelado também tem na versão com gás e sabor frutas vermelhas.
Agora para os colegas dipteristas, taxonomistas e biólogos mais informados da história dos nosso Keroplatidae: Achei a coleção do MZUSP!!!!!!! São 12 caixinhas... Estou fazendo uma listagem de todo o material agora. Mas uma notícia ruim: ninguém sabe dos tipos em álcool! E a coleção em álcool está quase seca!!! Tem Mycetophilidae lá!!!!!!!!!!! Um pecado... Coitado do Matile, ele deve ter morrido pela segunda vez só de desgosto... E cada vez que eu tomo contato aqui com as anotações dele, com o material, me dá um aperto de ver como as coisas ficaram... Até a bibliografia está bem bagunçada. Mas o Emmanuel (o technicien daqui) foi muito gente boa e conseguiu quase tudo que eu pedi, até uma publicação de Cuba com fotinho do Fidel e tudo, rs. Aliás, como fala rápido esse moço... Está difícil a comunicação! Hahahaha E eles devem ter uma ojeriza de falar inglês que eu não sei o que é mais difícil de entender, o francês rápido ou o inglês com desdém. Optei pelo francês, hahaha, o dicionário fica ligado o dia inteiro!
Bom, é isso. 

Bisous! À bientôt!