23 de jul. de 2010

Salut!!!


  Esse relato trata de 19 dias de Paris!!!

  Na verdade saí pela primeira vez de Paris e fomos conhecer um pedacinho do Norte da França, Chantilly, em Oise. Viagem de trem, cerca de duas horas, lugar muito bonito! Fica nítida a transição cidade-campo ao longo do trajeto... Transição um tanto quanto abrupta, mas mesmo assim muito interessante!


  A cidade que fomos conhecer tem um castelo Château de Chantilly , lá em Oise, no vale do rio Nonette, um afluente do rio Oise. Parece que tem algo a ver com um tal  François Vatel, provavelmente quem criaou a receita do creme de chantilly. Lá nós vimos duas construções principais, o Grand Château e oPetit Château, mas nós não entramos neles. E foi lá (para quem gosta de uma fofoquinha televisiva) que o Ronaldinho (o Gordo) se casou com a Daniela Cicarelli (affe!), hehehe. Mas claro, não fomos lá por isso... Além desse castelo contornado por um pequeno rio repleto de patos e peixes, fica nessa cidade oMusée vivant du cheval (Museu vivo do cavalo), que tem cavalos vivos e apresentações de cavalo (a entrada é muitoooooo fedida!) e claro, souvenirs de cavalos!!! Cavalos de pelúcia, chaveiros de cavalo, abridores de garrafa de cavalo, enfim, cavalos!!!! E tudo muito caro, como de costume! Nesse dia embarcamos na dos franceses e “almoçamos” na grama... Menu: baguete e coca-cola! Agradável e mais agradável ainda (pelo menos para mim, que adoro observar as pessoas nos seus cotidianos!) ver as famílias sentadas, comendo (ele levam cestas imensas para piquenique), conversando, as crianças correndo e fazendo bagunça, as mães falando algo em francês do tipo “não faça isso”, “pára quieto menino!”, os casais apaixonados no maior jeitão de filme europeu... Todos fugindo da sombra e sentados ao sol! Como eles gostam do sol torrando!!! Incrível!

  Retornamos a Paris e fomos à padaria mais famosa daqui, Ladurée. Lá são vendidos os macarons mais famosos de Paris (para quem não conhece e está com preguiça de ir no Google, esses são docinhos que lembram os alfajores, massa macia e recheio com um creme doce, de diversas cores e sabores), que na verdade eu não sou muito fã. Fila enorme, maioria turistas, claro. Não podia tirar foto lá dentro, mas quem segura uma japinha com máquina digital na mão, né Pri??? Quando a moça da padaria disse que não podia mais de dez fotos tinham sido tiradas, hehehe...

  Depois desse dia, fomos levar a mãe da Pri e a amiga dela para o aeroporto (que estava repleto de soldados... Não sabemos o por quê, mas desconfiamos que foi por conta da possível bomba no avião da Air France que saiu do Brasil no sábado, inclusive só os brasileiros foram apalpados aqui no domingo antes do embarque). Pegamos um ônibus, o RoyssyBus de volta para Paris e fomos caminhar um pouco. Tudo fechado de domingo! T-U-D-O!!!! Mas encontramos uma loja equivalente ao nosso “A partir de 1,99” que vendia Havaianas falsas!!!! Pois é, acho que depois de futebol e samba, falou Brasil os europeus pensam em Havaianas, é uma febre... Realmente a frase “Havaianas, todo mundo usa” pegou aqui. E os preços são correspondentes (se uma Havaianas custa 25 reais no Brasil, aqui ela custa 25 euros) ou bem mais caros...

  Segundona choveu e finalmente sentimos um friozinho! Porque até agora todo o meu ideal de Europa não se concretizou... Cadê o frio, as pessoas cheias de roupas, o tempo nublado, a garoa? Tá certo que é verão, mas me sinto em Ribeirão Preto... Fomos na Gare Du Nord comprar nossas passagens para Londres de Eurostar. O preço varia muito!!! Com dois meses de antecedência pagamos 44 euros... Comprando na véspera, sai mais de 400 euros!!! Efeitos da crise?? Não sei...

  Mudei de salinha aqui no museu, mais espaçosa, com janela e menos poeira. Tenho companhia, mas não entendi o nome da moça... Vou criar coragem e perguntar de novo. Talvez aqui eu tenha internet. Diz o Emmanuel que o processo foi rápido, vamos ver se logo menos o meu IP vai ser reconhecido pelo Museu.

  Essa semana teve feriado. 14 de julho, queda da Bastilha. Bom, para quem me conhece bem, sabe que em condições usuais eu ficaria em casa vendo da TV, uma vez que detesto aglomerações, muvucas e coisas do tipo. Mas estamos na França, no feriado a internet resolveu não funcionar, não temos televisão, a Revolução Francesa era um dos assuntos mais interessantes de História Geral, por que não ir? Afinal, nas horas vagas somos turistas!


  Começou dia 13 de noite com o Bals des Pompiers, ou simplesmente o Baile dos Bombeiros. Cada Caserne des Pompiers tem seu baile, todos com entrada gratuita ou você paga o quanto quiser, com shows e tals. Só um que tem que pagar 3 euros porque os bombeiros fazem striptease. Calma, não fomos nesse, hehehe, somos meninas comportadas! Fomos num próximo de casa, muito divertido, uma mistura de quermesse com bar da Filô/Tardão do Lageado (para quem não conhece são festas da biologia em Ribeirão e da Unesp-Botucatu). Tinha barraquinha de cachorro quente com batata-frita (ambos secos!!! Eu não gostei), refri, suco, água, chá e cerveja e a barraquinha do champagne!!! Além de um barquinho na margem do rio vendendo champagnetambém. Antes da entrada tinha uma espécie de pré-balada, tocando rock, uma galera dançando, fazendo piquenique na beira do rio, e lá dentro as barraquinhas, mesas e cadeiras, famílias inteiras, pessoas de todas as idades música e depois uma banda tipo banda de formatura, muito engraçado! Foi bem divertido e inesperado.


  No dia 14, achando que tudo seria como no baile dos bombeiros, lá fomos nós para a Champs-Élysées ver o desfile do 14 juillet. Lotadooooooooooo!!! Só uma saída do metrô aberta e muita gente!!! Ficamos atrás de um monte de gente, mal dava para ver a rua, mas o desfile começou com a frota aérea das forças armadas francesas: jatos, caças (o mais legal!!!!!), porta aviões, helicópteros... Aí, começou a chover, uma galera foi embora e conseguimos ficar bem na frente... Mas, eis que surge, do nada, um francês “simpaticão” pedindo um espaço no guarda-chuva... Até aí tudo bem, até ele começar a falar sem parar... Affe! Tem gente chata e inconveniente em todo o mundo! Além dele sair seco e nós encharcadas, ele não parou de falar 1 minuto, só bobagem (inclusive, como a maioria  dos franceses diz, que ele não sabe falar espanhol, a língua oficial do Brasil...), nem vou gastar linhas escrevendo...


  Depois, de noite, fomos ao Trocadéro ver a queima de fogos na torre Eiffel. Lotadooooooooooooo!!!!! Sabe metrô em São Paulo, estação Sé, seis da manhã? Pior! Na ida e pior na volta, quase 1 da manhã. Realmente os fogos são lindos, e é muito engraçado: explodem uma miríade de fogos e eles aplaudem; mais um tanto e eles aplaudem. Aí, acabou, todo mundo vai para casa. Aí se instaura o caos. Uma porta só do metrô aberta e muita confusão. Mãe gritando porque perdeu o filho, policiais segurando o fluxo de pessoas, nossa!!! Sem esquecer do grupinho de aborrecentes muito malas atrás de nós (não estávamos com sorte mesmo!) falando e gritando asneira, empurrando e colocando as patinhas na frente da nossa máquina quando nós tentávamos tirar fotos... Comprovado: gente inconveniente tem aqui e aí!!! A propósito, a galerinha mais jovem aqui é muito mal educada!

  A experiência de estar aqui é excelente. Conhecer pessoas, costumes, lugares, arquitetura, arte, ciência... É uma situação ímpar. Mas vale muito para valorizar e muito a nossa casa. É um país cheio de problemas, corrupto, educação à míngua entre outros muito graves, sim é. Mas não é pior que aqui ou que ali. É diferente. Tem muito problema aqui que nós não temos aí e vice-versa. Os rankings, os índices que medem desenvolvimento, riqueza, por exemplo, levam em consideração determinados fatores e valores, mas nem tudo é quantificado e comparado e creio que nem seja possível.  Muita coisa dita e acreditada é, para mim, de origem histórica, coisas difíceis de desgarrar, preconceitos embutidos em “falsas verdades”.  Observo de pequenas coisas como as pessoas se tratam, ou como cuidam do seu espaço de trabalho, como coisas maiores como a que custo manter os pontos turísticos sempre atraentes e bonitos em detrimento da manutenção do metrô para as pessoas daqui.

  Quem vem com uma visão ingênua para algum país da Europa pode se decepcionar. E não é que conversando com um amigo sobre isso ele me falou de uma tal de “Síndrome de Paris”!? De início fui preconceituosa e achei frescura, bobagem. Mas quem sou eu para medir a sensibilidade de algumas pessoas que restritas à um mundo todo particular e irreal sucumbem à uma condição psicossomática quando encaram um mundo deveras distinto daquele que elas sempre esperavam encontrar? Em resumo a síndrome é o seguinte (afeta principalmente turistas japoneses): eles chegam à Paris com uma idéia de cidade dos sonhos, onde habita o povo mais educado e polido do mundo, tudo é bonito, elegante e perfumado. E se deparam com uma cidade normal, povo normal, muitas vezes mal educados e indiferentes (talvez pelo cansaço de lidar com turistas?), repleta de problemas como qualquer grande cidade, com pobreza, diferenças sociais gritantes, e aqui e ali um prédio estonteante, um castelo, museus e museus em cada esquina e muita gente apressada comendo baguetes e MacDo. Simplesmente a vida como ela é...

  Beijos e muitas saudades de todos e tudo (até do bandejão)!!!

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