E não é que hoje o dia começou surpreendente? Cheiro de sabonete no primeiro piso do metrô, cheiro de croissant quentinho no segundo piso, francês perfumado do meu lado e chego ao museu, hoje foi dia de limpeza!!! Cheguei mais tarde, mas com o feliz odor de lavanda por todos os corredores e os lixos que transbordavam vazios! Mas ainda são 11h55m da manhã, hehehe...
Desde o último e-mail, há muito para ser contado... Mega mercadão de Paris (no qual eu esqueci a máquina em casa e a da Pri estava sem bateria), Jardin du Luxembourg, Panthéon de Paris, Tour de France, restaurante chinês/vietnamita, église de la Madeleine, subida ao Arc de Triomphe, Petit Palais, Grand Palais, restaurante tailandês, Hôtel de Ville, jantar no Les Halles, Musée des Arts et metiers (com a exposição temporária “Museo Games”), praia de Paris (Paris plage), jardin des Tuileries , Place de la Concorde e finalmente musée du Louvre!
Geralmente nosso planos de passeio não dão certo. Num sábado que iríamos ao Jardin du Luxembourg estávamos sem máquinas fotográficas e decidimos mudar o percurso, fazer um passeio menos “vistoso”. Fomos em uma outra galeria ao lado de um mercado super grande e com tudo que se pode imaginar, de frutas, legumes, peixes, especiarias, doces etc... Muito divertido. Ver a fruta da groselha! rs Só falta querer provar (eu não gosto de groselha!). Foi um dia tranquilho. Andamos pouco, chegamos cedo em casa, nada demais. Domingo, enfim, fomos ao Jardin du Luxembourg almoçar no gramado. Lugar lindo! Cheio de flores, gramado, pessoas lendo, dormindo, comendo, brincando, pensando... O castelo é lindo e enorme. Aliás, vale o adendo: já chegou o momento que está ficando difícil se surpreender com a arquitetura daqui, afinal tudo é grandioso e elaborado e antigo. O que antes era “que maravilhoso!” agora é “bonito também”. Mas o que não desmerece a arquitetura esplêndida dos antigos prédios daqui.
E nesse mesmo dia, tropeçamos no Panthéon de Paris, impressionante (também) de estilo neoclássico com várias celebridades sepultadas lá, como por exemplo Victor Hugo, Marie e Pierre Curie, Jean Jacques-Rousseau, Voltaire e Émile Zola. Do ladinho temos a igreja de Saint-Étienne-du-Mont, a biblioteca de Santa Genoveva, a Universidade de Paris-I (Panthéon-Sorbonne, de Direito) e a prefeitura do 5.º arrondissement. Todos prédios muito bonitos. Em seguida fomos até a Champs-Élysées fomos assistir o Tour de France (é uma competição ciclística dividida em várias, que acontece sempre em julho, representando uma volta por toda a França e que termina nessa avenida de Paris). Lotado também bem difícil de ver, mas com esforço assistimos um pouco. Eu acho particularmente bem chato assistir corridas, mas já que estávamos aqui, momento turista, certo? Depois de um pouco de corrida, voltamos para o Jardin du LuxembourgI para assistir à um concerto ao ar livre, Chopin. Muito bom, todos sentados, deitados na grama, silenciosos, apreciando a música. Perfeito! Bem melhor que um monte de moços dando voltas de bicicleta, hahahaha.
No mesmo dia, após o concerto, fomos convidadas para jantar com a moça que nos alugou o apartamento. E cuidado: aqui em Paris quem convida paga! Ela nunca nos deixa pagar nada quando saímos à convite dela... E não tem discussão. Quem é daqui nem se mexe, já sabe que é assim que funciona, hehehe. Mas enfim, era para ser um restaurante vietnamita, mas os donos estão de férias. Sim, aqui as pessoas saem mesmo de férias (é sagrado!) e fecham seus estabelecimentos. Ele re-abre hoje, talvez iremos lá. Mas então, fomos à outro restaurante, este chinês e vietnamita misturados. Comida boa, dono engraçado e simpático, mas até as comidas não francesas são bem menos saborosas que as nossas! Sem sal! Mas valeu a pena. E conhecemos um quase “vrai français” (verdadeiro francês), porque ele nasceu nos EUA. A Ana queria que praticássemos francês com alguém fluente, afinal ela é mexicana. Muito simpático ele e muito viajado... Conhece bem dos problemas do povo francês e das diferenças entre vários povos. Talvez por isso bem simpático. Observei que todas as pessoas “vrai sympa” conosco não são “vrai française”. São imigrantes ou franceses filhos de imigrantes, ou do leste europeu, África, Ásia e América Latina.
Num outro dia, agora durante a semana, de noite (noite mas lembrem-se com o Sol “a pino”) planejamos ir num concerto na église de la Madeleine, onde tocariam Vivaldi. A princípio seria gratuito, chegando lá, para estudantes, 20 euros!!! Não rolou, hehehe. Saímos andando por aí... Descobrimos a não menos bonita Église Saint Augustin e passeamos no Parc Monceau, um parque muito muito agradável. Amei! Muito bonito, arborizado, muitas flores... Um ambiente fantástico. Ficamos pouco, afinal TUDO fecha cedo em Paris (apesar de abrir tarde). E andamos mais um pouco e caímos no Arc de Triomphe! Bom, uma vez lá, por que não subir? Porque são 284 degraus? Sim, seria um excelente motivo, mas turista não pensa! hehehe Mas valeu muito a pena! Além da brisa (porque às vezes eu acho que Paris é Ribeirão Preto, calor terrível!) a vista é impressionante! Paris é muito pequena! E muito organizada estruturalmente. Ver as ruas e avenidas lá do alto confirma bem isso. E haja brasileiros pelo mundo! Não tem UM dia que não esbarramos ou escutamos a nossa última flor do Lácio, inculta e bela por aqui. Somos muitos mundo afora!
Na quinta, planejamos ir ver a exposição do estilista francês Yves Saint Laurent no Petit Palais. Adivinhem? Não deu certo! A exposição foi encerrada mais cedo aquele dia, hahaha. A Pri ficou desolada! Eu conheci o Petit Palais, Grand Palais. O primeiro é um edifício histórico e museu de belas artes construído para a Exposição Universal de 1900, assim como o Grand Palais des Beaux-Arts, e fazendo parte desse conjunto arquitetônico, um pouco à frente temos a Pont Alexandre III, que atravessa o rio Sena. Ela é linda (também!), toda decorada com querubins, ninfas e cavalos alados e outros personagens que eu não sei identificar. Parece que o nome é em homenagem ao czar russo Alexandre III, devido à aliança franco-russa. A ponte nos leva ao L'Hôtel national des Invalides, construída por Luís XIV para abrigar os mutilados de guerra dos seus exércitos. Ainda se presta a isso atualmente, além de compreender alguns museus e prédios militares. Também estava fechado! J Então, para (tentar) compensar o dia difícil, fomos jantar num restaurante tailandês, esperando uma comida diferente e saborosa! Mas... Tudo muito bem feito, limpo, agradável e sem sal! hahaha...
Também ainda nessa mesma semana de planos não completados com sucesso, saímos andando ao sabor das ondas... Fomos até o Hôtel de Ville, onde ficam instituições do governo municipal. Ele é situado na Place de l'Hôtel-de-Ville (antes chamada de Place de Grève, por que será hein? J Apesar de ser um local marcado por diversas manifestações, diz-se que o nome tem a ver com cascalho, gravier em francês...). E o que tinha lá? Show de rap francês! Péssimo como em qualquer lugar (observação: eu não gosto de rap, para quem gosta, perdoem-me J). Já era tardeeee e passamos no que há de mais parecido com um shopping aqui, o Forum des Halles, rodeado pelo Jardin des Halles. Lá comemos pasta in Box! Isso mesmo, macarrão italiano servido igual aos macarrões das redes de fast-food chinesas.Muito bom, bonito, barato e sem sal! hehehe Não tem jeito!
Neste último sábado até que os planos se realizaram! Fomos ao Musée des Arts et metiers ver especiamente a exposição temporária “Museo Games”. Muito bom! O museu pertence ao Conservatoire national des arts et métiers e tem uma exposição permanente muito bem aproveitada, em termos de organização, interação e transmissão do conhecimento. E a exposição temporária, sobre a “evolução do Games” é divertidíssima, até para quem não é amante dos vídeo games, eu! Simples, pequena, informativa (não tanto quanto a permanente), interativa e muito divertida. Para todas as idades. Já a exposição permanente é um capítulo à parte. Conta a história de diversos ofícios, materiais, pesquisas... Vidro, energia elétrica, automóveis, computadores, tecelagem, comunicações, arquitetura, relógios... E mais uma infinidade... O prédio é lindíssimo, sem ar de “coisa velha” apesar de todas as antiguidades. Para mim, um exemplo de como é uma boa exposição museológica. Ela, se não atinge todos, atinge quase todos os objetivos de uma exposição. Foi muito bom ter ido lá antes para traçar um paralelo com o Louvre.
E domingo... Finalmente o afamado musée du Louvre! Fica no Palácio do Louvre e abriga as famosas obras: Mona Lisa, a Vitória de Samotrácia, o Escriba Sentado, a Vénus de Milo, a Taça ática, o Retrato de Luís XIV, A Liberdade guiando o Povo, Psiquê revivida pelo beijo de Eros... E mais montes e montes de coisas bonitas. Digo coisas não desmerecendo o valor de cada obra. Cada uma traz consigo quilos de história, conhecimentos distintos e riquíssimos de cultura, hábitos, tendências, comportamento... Mas da maneira que estão alocadas no museu muitas dessas riquezas passam apenas a aparentarem ser coisas bonitas ou coisas muito bonitas. O Louvre é um palácio cheio de história (só o prédio já tem sua própria história que é muito interessante), esplendoroso (de novo!) mas que (ao meu olhar) passa a ser um “grande e belo depósito de maravilhas do mundo todo”. Ele é organizado, mas uma organização mais com ares de decoração do que com características de “contar história(s)”. É realmente tudo muito, muito, muito (coloquem muitos muito) bonito. Mas se você não sabe história, vai entrar lá, mergulhar numa atmosfera de “túnel do tempo”, se encantar com muitos objetos e obras belíssimas e sair sem saber muito mais do que já sabia. Falta interação, informação disponível (dioramas, cartazes... As etiquetas – quase todas apenas em francês – além do nome da obra trazem a informação de a obra pertence ao Louvre e nada mais), ou seja, uma organização museológica que dê algum objetivo à exposição que não aquela antiga assertiva atribuída aos museus “um local depositário de coisas velhas”. Na verdade, para mim, o Louvre ainda mantém o caráter hegemônico dos museus dos séculos XV e XVI predominantemente, mas que se estendeu até o século XIX. Assim os museus eram locais que não apenas acolhiam às artes e história, mas sim eram “objetos” utilizados para demonstrar o poder e a abrangência de suas nações através das riquezas de suas coleções, grande parte delas oriundas de conquistas e presentes de nações amigas, “menores”. É só uma impressão. Pode ser que visto o tamanho do museu e do acervo seja bem difícil repensar a exposição. Mas com um aporte de aproximadamente 9 milhões de visitantes por ano, não acho que seja impossível nem dispensável.
Mas sim, é bonito e vale muito a pena ser visitado, não é à toa que é um dos mais famosos museus do mundo. Mas a Mona Lisa... Que coisa mais sem graça! J
Bom, é isso.
À plus!
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